quarta-feira, 4 de abril de 2012

Excursões, vizinhos e animais diminuem isolamento de quem mora só

Uma das principais preocupações com o idoso que mora sozinho é o isolamento, diz a geriatra Sílvia Pereira. Ela recomenda a realização de atividades físicas e sociais para fugir de alguns riscos, como a depressão e a má alimentação.

"O idoso que come sozinho pode adquirir maus hábitos alimentares por falta de estímulo. Ele acaba trocando refeições por um pão ou uma fruta e fica desnutrido."

Jogar tranca é a maneira encontrada por Catarina Hüvos, 89, para ficar ativa e perto de suas amigas. Ela toma ônibus para ir ao compromisso, que acontece todas as terças, quartas e sextas e aos domingos, cada dia na casa de uma delas. Ela também conhece pessoas Movimento Pró-Idosos, que promove cursos e excursões.

Dessa forma, conta, consegue escapar de uma das coisas que mais a aborrecem: "Não dá para ficar só em casa assistindo a televisão. A gente se sente inútil".
Eliassy Vasconcellos, 90, também gosta da convivência com amigos. Conta que mora há mais de 60 anos no mesmo bairro e conversa com todo mundo. Porém, a maioria dos conhecidos são mais novos: "É um problema muito sério, a gente vive muito tempo e vê os amigos todos irem embora".

BICHO DE ESTIMAÇÃO
A gerontóloga Marília Berzins estudou em sua tese de mestrado casos de várias mulheres idosas que tinham muitos cachorros.

A professora de piano Maria Julia Morais, 78, e sua 'sheep dog' Mel, 
que encontrou na rua há quatro anos 
Isadora Brant/Folhapress

A maioria, após passar por decepções com pessoas, decidiu fazer dos bichos a razão de sua vida, segundo Berzins conta: "Elas tinham fotos de animais em porta-retratos. Diziam que eles eram como filhos".
O trabalho ajudou a gerontóloga a entender melhor as vantagens da convivência entre bicho e gente, que ela recomenda para todas as idades, principalmente para pessoas mais velhas.

"Animais são excelentes. Ajudam a fazer amigos, oferecem amor incondicional, incentivam a atividade física, dão afeto e razão para viver, fazem a pessoa rir", lista, enquanto afaga seu gato.

A professora de piano Maria Julia Moraes, 78, mora apenas com sua "sheep dog", Mel. Maria Julia nunca se casou, apesar de manter um relacionamento antigo. Diz que tem medo de se juntar com uma pessoa nessa fase da sua vida.

"Nos dois já estamos com uma certa idade. Não sei se a gente iria se adaptar. Cada um já tem os seus costumes. Estamos sempre juntos, está bom assim."

Maria Julia diz que Mel é sua melhor amiga. Achou a cachorra na rua há quatro anos. "Uma grande sorte." Um ano depois de ter levado Mel para casa, suas duas outras cachorras morreram.

Pare ela, Mel não dá trabalho em nada: não faz sujeira em casa e dorme sempre na sala, em um edredom colocado no chão. "Ela é muito obediente. Às vezes, deita e joga os 'cabelinhos' para frente. Adora fazer dengo para a mamãe."
Eliassy não teve a mesma sorte com os animais. Ele até gosta de cachorros, mas conta que o último que teve tinha "parte com o diabo" e por isso não quer mais nenhum para lhe dar trabalho.

"Eles são malcriados e indisciplinados. Dei o último que eu tive para uma amiga e, de tão bonzinho que ele era, ela nunca mais falou comigo."

Fonte:
www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude
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