quinta-feira, 17 de março de 2011

Forçado a deixar o seu cão e agora?



Há um mês, a professora Yara Palhares, 57, não vê Eros, o que viveu sete anos ao seu lado. Agora ela só recebe notícias dele por telefone. Às vezes, fica preocupada pensando em como o animal se protege do frio no seu novo lar.

Aos poucos, ela tenta se acostumar com o apartamento vazio e sem latidos, na Mooca, para onde se mudou. A decisão de entregar Eros a uma nova dona foi traumática. Aconteceu depois que Yara foi obrigada a deixar sua casa para cuidar do pai.

“Nunca pensei que fosse tão difícil me separar de um cachorro”, diz. “Fiquei muito abalada e percebi que as pessoas só querem pegar filhotes.” Por recomendação de um , ela procurou alguém que tivesse uma fêmea da mesma idade para fazer companhia a Eros.

Hoje, ele divide o quintal de uma casa na Penha, zona leste, com Fênix, uma cadela de seis anos que virou sua fiel parceira. A antiga dona torce para que, longe dela, o cão se comporte.

A separação começou no ano passado, quando Caio, filho de Yara, se mudou para a Austrália. A professora foi morar na casa dos pais e levou Eros junto. Foi um ano difícil. O labrador perdeu o espaço que tinha e revirou a casa com suas estripulias.

“Ele invadia o jardim, comia as plantas e não parava de latir”, lembra. “Mesmo assim, meus pais tiveram paciência.” A situação piorou depois que Yara trocou a ampla casa com piscina por um apartamento de três quartos, onde vive atualmente.

Não tinha mais espaço para Eros. O que fazer com ele? Trinta dias atrás, o dilema não saía da cabeça de Yara, que perdera a companhia do filho depois de ter se separado do marido. Lotou a internet com fotos do cachorro e ligou para os amigos mais próximos. Chegou à conclusão de que a tarefa não seria fácil.

O veterinário Luiz Renato Flaquer explica que a separação é algo muito sentido pelo cão. Em vários casos, nem o tempo é suficiente para o bicho se readaptar. “Quando o animal é muito dependente, pode entrar em depressão ao se sentir rejeitado”, diz.

A situação tende a piorar com animais mais velhos, como é o caso de Eros, quando os laços afetivos estão mais arraigados. “Cachorro idoso é rejeitado por todos, as pessoas não são solidárias”, diz Yara.

No desespero, ela arranjou um provisório para o pet no estacionamento de um primo. Eros ficou 15 dias ali, à espera de um novo lar.

Enquanto isso, Yara foi atrás de pretendentes. Não queria largá-lo sozinho em qualquer canto. Não queria perder de vista “o labrador com complexo de poodle” que tem a mania de comer meias. “Chorei todo dia, fiz promessa para encontrar alguém para cuidar dele.” Chegou a oferecer ao novo dono ração e tratamento veterinário.

Primeiro encontro
A corretora Carolina Ribeiro Bezerra, 29, ficou sabendo do drama da professora. Conheceu Eros e topou adotá-lo. Quem gostou da ideia foi Fênix, até então o único pet da família.
Os dois animais se deram bem de cara. Cruzaram sem cerimônia. “Ele é um crianção”, diz a corretora, que já foi derrubada por Eros algumas vezes. “Ele come toda roupa que vê pela frente.” No início, ela percebeu que o grandalhão de 43 kg ficou carente: perdeu o apetite e estranhou o ambiente. Nos primeiros dias, até fez xixi dentro da casa.


Conforme orientação de veterinários, Yara resistiu e não foi visitá-lo. É preciso cortar os vínculos para não iludir o animal, aconselha Luiz Renato. O jeito é ligar duas vezes por semana para saber notícias do antigo companheiro.

O dilema de Yara é recorrente, afirma Marco Ciampi, presidente da associação de proteção ao animal . Ele defende que a atitude de ter um bicho deve ser planejada com todos os envolvidos. “É preciso ter noção dos gastos com o animal, ter em mente com quem deixá-lo em viagens e reservar um tempo de atenção.”

Hoje, a ex-dona fala em tom saudosista de Eros. Lembra das manhãs quando iam caminhar juntos e de quando o labrador machucou a pata numa porta de vidro e teve de ser levado a um veterinário em plena madrugada. “Ele é muito desastrado”, diz, associando seu jeitão estabanado ao protagonista do filme “Marley e Eu”.

O que fazer?
A
Arca Brasil (Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal) defende ao máximo que a pessoa fique com seu animal. A separação é muito dolorosa para o cão e deve ser evitada. Em casos incontornáveis, é melhor:

- Divulgar a situação entre amigos e conhecidos que possam se tornar donos.

- Criar um e-mail com fotos e informações do pet (idade, comportamento, vacinas, castração etc.)

- Oferecer a possibilidade de tutelá-lo. Dar ração e cobrir os gastos com veterinário.

- Jamais pense em levar para a CCZ, nem de perto é um abrigo…
  • Fonte: PET RED
  • Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal
    Via
    Folhaonline

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