quarta-feira, 11 de abril de 2012

Organização que cuida de animais maltratados no Líbano corre risco de ficar sem sede

Helena Hesayne deixou a carreira de arquiteta 
para se dedicar à sua paixão, cuidar de animais maltratados 

A libanesa Helena Hesayne costumava trabalhar como arquiteta, mas desistiu de uma carreira promissora para se dedicar à sua paixão – cuidar de animais maltratados.

Não é uma ocupação popular no Líbano, um país que ainda luta para lidar com a lembrança de uma guerra civil. Desemprego, pobreza e estabilidade política são as grandes preocupação da sociedade.

Hesayne, 47, é vice-presidente de um abrigo para 250 animais abandonados e maltratados, na periferia de Beirute, capital do país árabe.

Entre os animais está Burni, um cão que sobreviveu após tentarem queimá-lo; Savana, que foi jogado da janela de um carro e atropelado por outro; e Corra, um lavrador que levou um tiro na cara. O abrigo já chegou a receber um filhote de leão, que vivia em um imóvel abandonado.

“Eu abandonei minha carreira para isso”
, conta Hesayne. “Eu só me preocupo com isso. Não há mais natureza no Líbano. Tudo é dinheiro. E os animais... eles me dão tudo.”

A organização dela, Beirut for the Ethical Treatment of Animals (Beta), já cuidou de 1.500 cachorros, gatos e outros animais desde que foi criada, em 2004.

“Começou com mulheres apaixonadas que alimentavam cães e gatos nas ruas. Elas se encontravam perto de um lixão e decidiram juntar forças”, disse a libanesa.

No entanto, a organização corre o risco de perder a sede temporária em um pequeno distrito próximo a Beirute, por causa das reclamações de vizinhos.

“Estamos sendo processadas. Eles nos querem fora daqui”, disse Hesayne. “Agora temos que encontrar outro local. Ninguém quer ter cachorros por perto.”

A ex-arquiteta e uma colega, Sevine Zahran, tentaram fazer lobby junto ao governo para incrementar as leis de proteção animal. O Líbano é um dos poucos países que não assinaram a Convenção de Washington (Cites, na sigla em inglês), que busca assegurar que o comércio de animais e plantas selvagens não ponha em risco a sobrevivência da espécie.

Zahran, voluntária do Beta, chegou a se reunir algumas vezes com autoridades locais, mas saiu dos encontros com a impressão de que eles tinham outras prioridades.

Para ela, “seres humanos são prioridade e animais também são prioridade. Estudos apontam que o abuso de animais está muito relacionado ao abuso de seres humanos”.

O Beta luta para que haja mais educação sobre o abuso de animais. “No Líbano, existem todos os tipos de abuso. O que testemunhamos no dia-a-dia é muito difícil de compartilhar. Eu tento educar, para aumentar a consciência das pessoas”, continua Zahran.

Além disso, a organização iniciou um programa pioneiro com a Oumnia, instituição voltada a crianças doentes e com deficiência, para introduzir cachorros em tratamentos de pacientes jovens. Cães do Beta são levados à sede do Oumnia na tentativa de estimular a independência e confiança das crianças.

Os resultados são estimulantes. Marie-Gabrielle Phares, vice-presidente do Oumnia, afirmou que “algumas crianças não falavam e, com os cachorros, conseguiram gesticular, falar com os outros e jogar. Foi fantástico. Acho que a terapia com cães é ótimo para as crianças”. (Com CNN)

Fonte:
noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias
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