Excessos alimentares
podem causar problemas ortopédicos em cães.
É importante manter uma boa nutrição
para controlar o peso do seu cão e evitar a obesidade
Crédito: Daily Mail
Antigamente, devido ao padrão de alimentação que os cães recebiam –geralmente caseira ou restrita a uma ração comercial de baixa qualidade –, os cuidados em certas fases da vida dos nossos amigos (como crescimento, gestação e lactação) eram frequentemente acompanhados de suplementação. Havia uma preocupação focada principalmente na suplementação vitamínico-mineral, tudo para que eventuais carências, comuns na época, não se desenvolvessem.
No entanto, ao contrário da antiga realidade, hoje o que vemos são os excessos. Os fatores que juntos podem levar a eles são basicamente três:
- as dietas estão cada vez mais completas e balanceadas, dispensando suplementações;
- ainda existe muita informação errada e mitos em relação à suplementação alimentar, principalmente para os cães de grande porte;
- os proprietários, cada vez mais, transferem maus hábitos alimentares aos seus pets, oferecendo muitos extras (como petiscos), não respeitando a quantidade recomendada pelo fabricante.
Por sua alta incidência e influência negativa direta sobre as doenças ortopédicas, cabe iniciarmos a conversa falando sobre o excesso de calorias, cuja consequência imediata é a obesidade. Estudos demonstram que aproximadamente 40% da população canina, independente do porte, estão acima do peso. Além de ser uma dificuldade por si só, a obesidade agrava, e muito, todos os problemas ortopédicos em todas as fases da vida do animal. O excesso de peso prejudica o sistema musculoesquelético, aumentando a incidência ou piorando os casos de artrose, discopatia (problema na junção das vértebras da coluna), entre outras, principalmente a displasia coxofemoral.
Especialmente no caso de filhotes, os excessos podem comprometer seu correto desenvolvimento refletindo-se por toda vida. Comumente isto decorre do fato de os proprietários desejarem que seus animais estejam satisfeitos e alcancem o desenvolvimento máximo em menor tempo possível. Porém, quando há acesso livre ao alimento associado a uma dieta saborosa, rica em proteína bruta e calorias, os animais acabam ingerindo mais energia que o necessário para seu desenvolvimento, resultando em distúrbios do crescimento.
Além disso, cães alimentados à vontade ou suplementados também excedem o consumo de outros nutrientes como o cálcio, ingerindo quantidades muito superiores às necessidades diárias, o que pode levar a sérias alterações no desenvolvimento ósseo. O excesso de cálcio exerce influência direta no crescimento, principalmente dos ossos dos membros. A tendência é que haja um acúmulo excessivo de cálcio no osso, que com o tempo interfere no crescimento e modelamento da estrutura óssea. Pesquisas demonstram uma forte associação entre níveis altos de cálcio na dieta e problemas ósseos, mesmo quando os níveis de energia e outros nutrientes se mantêm nas faixas ideais.
Nesse contexto, é primordial chamar a atenção para o fato de que os filhotes de raças grandes e gigantes (como dogue alemão, boxer, labrador, pastor alemão, entre outros) estão mais propensos a desenvolver essas alterações, que envolvem doenças como displasia coxofemoral e displasia de cotovelo, osteocondrite dissecante, osteodistrofia hipertrófica.
Essa predisposição está associada a fatores genéticos, mas fatores ambientais como a nutrição e o peso corporal podem deflagrar ou acentuar o problema. Diante de tudo isso, como proceder para garantir que estamos fazendo o mais correto para o melhor amigo? O meio mais indicado de garantir uma nutrição excelente é ter atenção a cuidados simples, mas decisivos para a saúde dos pets:
- somente adquirir alimentos comerciais de alta qualidade (premium e super premium), respeitando a idade e porte do cão;
- respeitar a quantidade indicada pelo fabricante, adequando-a ao nível de atividade física, idade e peso do cão;
- não oferecer nenhum tipo de suplementação, principalmente de cálcio (as rações de boa qualidade são completas, dispensando absolutamente qualquer suplementação vitamínico-mineral);
- redobrar todos estes cuidados se seu cão for um filhote ou adulto de porte grande ou gigante (acima de 25 kg de peso na idade adulta).
Atualmente o mercado dispõe de excelentes opções para cães de raças grandes e conta com alimentos para raças específicas como labrador, golden retriever, bulldog etc, todos especialmente formulados para atender de forma ideal a todas as necessidades, sem excessos prejudiciais ao seu cão.
sobre o autorKeila Regina de Godoy é médica veterinária formada pela Universidade Paulista (UNIP) 2000. Há 6 anos faz parte da equipe PremieR pet, onde atuou nas áreas comerciais e técnicas. Atualmente gerencia o departamento de Desenvolvimento e Capacitação Técnica da PremieR pet.
Atenção: as opiniões do artigo são de inteira responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do site PetMag.
Fonte:
Petmag/Uol/Colunas
Link:
http://petmag.uol.com.br/colunas/gordura-nao-e-sinal-de-saude/
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