quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Compulsão: Como agir com cães que perseguem o próprio rabo?

Quem nunca viu um cão correr atrás do rabo? Pois é, quase todos nós já observamos nosso amigo se divertindo girando em parafusos para alcançar sua calda... Porém, quando este comportamento ocorre em demasiada frequência devemos prestar atenção e nos perguntar se o cão não está desenvolvendo uma compulsão. Para entendermos distúrbios dessa ordem é necessário que tenhamos em mente como podemos classificar um comportamento como compulsivo.
O que é compulsão?
Uma boa definição é: um comportamento repetitivo, constante e que não tem como finalidade algum propósito aparente. O surgimento desses distúrbios, normalmente, ocorre quando o animal entra em situações de estresse, conflito, frustração, ansiedade ou falta de escapes apropriados para exibirem comportamentos normais da espécie. Quando estes fatores se combinam com o tempo e uma predisposição genética do animal, ocorre a compulsão.
O que fazer?
Primeiramente devemos identificar as situações iniciais (de estresse, conflito ou ansiedade) que dão origem à perseguição do rabo. Evitar essas situações ou torná-las agradáveis, por meio de treinamento, já é um ótimo começo.
Visto que o animal com comportamento compulsivo tem uma predisposição a esse distúrbio, devemos avaliar se é interessante bloquear ou não o comportamento, já que o cão pode encontrar outra válvula de escape (outra compulsão) pior do que ele já vem apresentando. Logo, devemos inicialmente considerar os casos em que os comportamentos podem prejudicar a saúde do animal ou aqueles que são suficientemente irritantes para o convívio.
Uma das formas de tratamento consiste em promover diversas e variadas formas de exercício e interação social que, além de diminuírem a ansiedade, promoverem cansaço físico e equilibram a química do cérebro. Uma modificação ambiental também pode ser de extrema importância, fazendo com que o animal gaste seu tempo interagindo de maneira adequada, próximo ao que seria natural. Em zoológicos, por exemplo, os tratadores dificultam a obtenção de comida (congelando, escondendo, etc) fazendo com que os animais ocupem mais parte de seu tempo com essa tarefa, já que são privados da caça ou do tempo que despenderiam para se alimentar em vida livre. No caso de cães, podemos esconder petiscos pela casa a fim de estimular a investigação e exploração, ou então fornecer sua refeição dentro de uma garrafa PET com furos, para que trabalhe para retirar os grãos de ração de dentro.
Para interromper o comportamento compulsivo podemos utilizar broncas que não estão associadas à atenção do dono (punições verbais e físicas não são aceitas!). Um susto chacoalhando uma lata cheia de moedas ou uma borrifada de spray de água, normalmente, se mostram eficientes. Caso o comportamento não ocorra novamente em situação semelhante, devemos recompensar o cão por estar calmo, dando bastante carinho e petiscos.
Terapia com medicamentos que regulam o equilíbrio de neurotransmissores no cérebro também são muito úteis, pois modulam uma resposta do animal frente a um estímulo, como por exemplo, quando algo que causa estresse e ansiedade passa a ser tolerável após a terapia, ou uma bronca que não interrompe o comportamento pode passar a interromper. Por isso, não deixe de consultar também um veterinário de sua confiança.
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Texto: Daniel Svevo (Consultor de Comportamento da Equipe Cão Cidadão)Revisão e Edição Final: Alex Candido
Por Equipe Cão Cidadão
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