quarta-feira, 2 de setembro de 2009

CÃO ABANDONADO!







“Sabe Senhor, ainda não entendi. Viemos à praça. Pensei ser um passeio, estranhei. Ele não tinha esse hábito, mas vim feliz. Aqui chegando, me deu as costas, entrou no carro, e nem disse adeus. Olhei para os lados, nem sabia o que fazer – ainda tentei segui-lo e quase fui atropelado. O que eu teria feito de tão mau? À noite, quando ele chegava, eu eu abanava o rabo, feliz mesmo que ele nunca viesse me ver no quintal. Às vezes eu latia, mas havia estranhos no portão e não poderia deixá-los entrar sem avisar o meu dono. Quem sabe foi a mando da minha dona, por eu estar lhe dando trabalho. Não foram as crianças: elas me adoram e creio que nem sabem do que aconteceu – devem ter-lhes dito que fugi.Como sinto saudades! Puxavam-me a cauda, às vezes eu ficava uma fera, mas logo éramos amigos novamente. Estou faminto. Só bebo água suja, meus pêlos caíram quase todos. Nossa, como estou magro! Sabe Pai, aqui neste canto que arrumei para passar a noite, faz muito frio, o chão está molhado. Creio que hoje vou me encontrar aí Contigo, no céu. Meu sofrimento vai terminar, e, mesmo em espírito, vou ter premissão para ver as crianças. Peço-vos, então, não mais por mim, mas pelos meus irmãozinhos. Mande-lhes pessoas que deles tenham compaixão. Como eu, sozinhos não viverão mais que alguns meses na terra do homem. Amenize-lhes o frio, igual ao que agora sinto, com o calor de atos de pessoas abençoadas. Diminua-lhes a fome, tal qual a que sinto com o alimento do amor que me foi negado. Mate-lhes a sede com a água pura de Seus sentimentos, transmitidos ao homem.Elimine a dor das doenças, extirpando a ignorância da Terra. Tire o sofrimento dos que estão sendo sacrificados, em rituais, em laboratórios e tudo mais, tirando dos humanos o gosto pelo sangue. Ampare as cachorrinhas prenhas que verão suas crias morrerem de fome, frio e peste, sem nada poderem fazer. Abrande a tristeza dos que, como eu, foram abandonados – entre todos os males, o que mais doeu foi isso. Receba, Pai, nesta noite gélida, a minha alma, pois não será mais meus o sofrimento, mas dos que ficarem e por eles vos peço.”


Fonte: Ass. Grupo Ecológico minha Terra – SP

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