O novo "pai" dos animais é o padre Renato Antônio Ariotti, 51, da Igreja Santa Catarina, na mesma cidade. Ele disse que se interessou em ficar com os cães após ouvir um anúncio no rádio sobre a doação dos animais. "Quando soube que os cachorros eram dele [Santos], meu coração pediu para que eu adotasse os bichinhos. Eu que fiz o enterro dele e fiquei chocado com a morte trágica de um homem tão bom quanto ele", disse.
A mulher que criou a campanha de adoção dos cães, a auxiliar administrativa Silvana Regina Grassi, 46, os conhecia há bastante tempo. "Todos os dias o Santos passava pela minha rua com os cachorros. Eu dava comida e água porque eles porque sempre estavam com fome", disse.
Grassi falou que decidiu buscar ajuda para os cães após perceber que eles estavam abandonados e que continuavam dormindo ao lado da carroça usada de Santos. Como conhecia os cachorros e o dono, ela se sentiu responsável pelos animais.
Cães de papeleiro morto queimado por quatro adolescentes
são adotados pelo padre Renato Ariotti,51, no RS.
Jonas Ramos/Agência RBS/Folhapress
Antes de adotar os cães, o padre Ariotti fez apenas um pedido para Grassi. "Eu pedi o carrinho que ele [Santos] usava para carregar as reciclagens que vendia. Isso porque os cães buscam nela um refúgio para a saudade que sentiam do dono porque ainda percebem a presença dele", afirmou.
O religioso disse que os cães aparentavam tristeza quando chegaram à casa dele, mas quando viram o carrinho usado pelo ex-dono, melhoraram. "Eles ficaram muito felizes com a carrocinha, não paravam de abanar o rabo e correr em volta. A Preta está mais solta, até dorme na casinha que a gente fez para eles, mas o Scooby não sai do cantinho com papelão embaixo do carrinho, ele parece se sentir mais protegido lá."
Segundo ele, uma veterinária se propôs a dar todas as vacinas e cuidados necessários aos cães, sem cobrar. O padre diz que a vida dele mudou com a chegada dos animais e vai cuidar da vida deles como se fosse a dele.
O CRIME
Segundo a polícia, o barraco onde Santos morava foi incendiado por quatro menores de idades entre 11 e 15 anos. Eles disseram que a vítima devia R$ 2 a eles e queriam dar um susto no papeleiro para que ele fizesse o pagamento. Em depoimento, os adolescentes confirmaram ter comprado gasolina para atear fogo no barraco onde o homem morava enquanto ele dormia.
Testemunhas dissera que uma semana antes de Santos ser queimado, os mesmos adolescentes suspeitos de ter cometido o crime apedrejaram o homem na casa dele. Eles eram usuários de drogas e passaram a perseguí-lo.
Santos não tinha o dinheiro que eles pediam e passou a sentir medo dos garotos após ter sido apedrejado junto com um de seus cães, o Scooby. O crime ocorreu durante o feriado local da Semana da Farroupilha.
A polícia disse que Santos não teve chance de reação. O homem foi socorrido por vizinhos, que disseram ter visto o ele correr pela rua com o corpo em chamas pedindo ajuda. O fogo foi apagado com a ajuda de um extintor. O homem teve queimaduras em 85% do corpo.
Fonte:
1.folha.uol.com.br/cotidiano
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