quarta-feira, 27 de junho de 2012

Deficiente visual brasileiro troca de papel com cão-guia

Inseparáveis dia e noite. É assim desde que o labrador Eros começou a acompanhar o analista de recursos humanos Flávio Duarte, que não enxerga. Lado a lado, eles desviam juntos dos obstáculos há cinco anos.

- Ele é mais do que um filho, porque filho a gente cria para o mundo. Já o cão fica com a gente para sempre, não importa a situação.

Para chegar a essa relação de confiança e cumplicidade, é preciso antes que o cão passe por um treinamento longo, puxado e complexo, explica a coordenadora de canil Sandra de Camis.

- O cão vai viver 24 horas por dia com a pessoa. Na hora de dormir, ficará ao lado da cama. Caso seu dono se levante durante a noite, por exemplo, o cão irá junto.

Segundo a coordenadora do Projeto Cão-Guia, Beatriz Canal, no Brasil, ainda é muito grande o número de deficientes visuais que precisam de um cão-guia. Para uma população de quase 150 mil cegos, existem cerca de 60 animais. Muitos deles vêm de fora, já que treinar apenas um custa caro, cerca de R$ 30 mil.

Ainda filhote, os cachorrinhos destinados a essa tarefa passam uma temporada em casas de famílias voluntárias, onde devem ficar por um ano. Trata-se da fase de acolhimento e socialização. Aos dez meses, Afrodite (a Frô) está passando justamente por essa etapa. Hospedada na casa da família de Viviane Cyrulin, ela recebe os primeiros comandos de adestramento - não pode, por exemplo, subir no sofá nem fazer bagunça.

A família voluntária ainda deve treinar o cão-guia a passear pela rua, andando sempre pelo lado esquerdo da calçada. É nesse período que ele aprende a se acostumar aos ruídos e à convivência com outras pessoas. Por sua condição especial, pode até entrar em padarias, restaurantes e lanchonetes, além de metrôs, universidades e escritórios.

Logo que deixa a casa da família, o futuro cão-guia vai para um centro de treinamento, onde permanece por cerca de seis meses.
O animal, então, aprende a enfrentar situações comuns à futura função. Desviar de buracos, subir e descer escadas e até mostrar, numa praça, onde ficam os bancos.

Na última etapa, o cão vai para a casa do seu possível dono, para se adaptar. Se a sintonia está perfeita, está formada a dupla.

Deve-se ter em mente, ainda, que cães são seres vivos e não estão livres de precisarem de ajuda. A relação de Eros e Duarte, por exemplo, quase foi interrompida, quando o animal rompeu o ligamento de um dos joelhos e teve de passar por quatro cirurgias.

Depois do incidente, o cão começou a mancar e, um dia, os papéis na dupla foram invertidos.

- Era para ele descer um degrau, mas não conseguiu. E me falaram que estava muito longe da calçada ainda. Então, eu desci, percebi a distância e notei que eu precisaria pegá-lo no colo para que ele descesse do ônibus. Foi muito importante para mim, porque ele abanou o rabo, agradeceu. Eu percebi que ele estava com dor.


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Fonte:
entretenimento.r7.com/bichos/noticias
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