segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Como fica a vacinação contra a raiva que foi suspensa?

Shutterstock

A raiva é uma virose que acomete homens e outros mamíferos. Ataca o sistema nervoso de forma rápida e é fatal. Dos animais que podem ser acometidos e depois transmitir a doença, o cão é o mais próximo do homem. Gatos também podem transmitir o vírus.

Por isso, quem tem cão ou gato tinha por hábito vaciná-los na campanha municipal que acontece tradicionalmente no mês de agosto. Porém, neste ano de 2011 a vacinação pública não ocorreu. A suspensão foi motivada pelo número exagerado de reações adversas sofridas por cães e gatos na campanha de 2010. Um alto número de animais foi internado às pressas, com sinais de fraqueza, apatia, febre e problemas de coordenação horas após a vacinação que acontecia nas ruas.

Foram notificados também alguns óbitos. Após alguma resistência, principalmente por parte do Ministério da Saúde, que alegava que as reações eram esperadas e repetiam números de ocorrências de anos anteriores, o bom senso prevaleceu. A campanha foi suspensa e vários lotes da vacina problemática foram recolhidos.

Daí em diante criou-se um grande problema. As vacinas foram adquiridas pelo Ministério da Saúde de um único laboratório, que fabricou e vendeu cerca de 30 milhões de doses. Depois foram repassadas a estados e municípios. Prefeituras, como a da cidade de São Paulo, tentaram comprar vacinas de outros laboratórios, mas as quantidades disponíveis eram ínfimas. Cinco mil doses aqui, dez mil ali, o que era quase nada para o plano de vacinar 2 milhões de animais só neste município. Estas poucas doses foram priorizadas para situações e regiões de risco.

Shutterstock

Outro ponto ainda não muito bem esclarecido foi o motivo das vacinas terem feito mal e até matado alguns animais. Duas hipóteses foram as mais ventiladas nos bastidores: a primeira, e menos grave, alega que os conservantes da vacina estavam em doses exageradas na tentativa de evitar a contaminação de frascos que continham várias doses. A outra hipótese, que é bem mais grave, especula que o Ministério teria comprado vacinas bovinas e as destinado para uso em cães e gatos, o que teria motivado as reações anafiláticas.

Ainda hoje técnicos da área de saúde têm dúvidas se os cães que tomaram a vacina dos lotes comprometidos e não apresentaram reações adversas não estariam hipersensibilizados por vários anos e, em caso de nova vacinação, mesmo com vacinas adequadas, poderiam entrar em choque alérgico de grande proporção, o que poderia ser fatal. Por outro lado, a descontinuidade da vacinação em massa de cães e gatos também pode ter consequências temerárias, pois pode colocar em risco o controle da raiva humana, conseguido após décadas de vacinação continuada, pois o vírus ainda circula entre equinos, bovinos e morcegos.

Com certeza sabemos que animais vacinados em clínicas particulares e com vacinas importadas não sofreram e nem sofrerão reações, devendo continuar a serem vacinados anualmente. Para animais vacinados na campanha pública de 2010, com vacinas dos lotes afetados, ainda se discute a segurança de serem novamente vacinados pelos próximos anos.

Ao que tudo indica, em 2012 o fornecimento de vacinas antirrábicas se normalizará e o laboratório fornecedor do Ministério da Saúde deverá ser o mesmo de sempre. Por coincidência, a marca impressa no rótulo será diferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário